
Reabertura da Câmara dos Deputados após crise interna
A noite desta quarta-feira, 6 de agosto de 2025, marcou o fim de uma paralisia de dois dias no coração do poder legislativo federal. Hugo Motta, presidente da Câmara dos Deputados e do partido Republicanos-PB, comandou a retomada das atividades em uma sessão iniciada às 22h23min. O cenário era tenso: o plenário ficou ocupado por deputados da oposição em um impasse que paralisou os trabalhos e gerou incertezas sobre os rumos políticos em Brasília.
A crise se arrastou por longas negociações entre representantes de todos os partidos. Por trás das portas fechadas, o clima de pressão era notório. Um dos principais alvos de disputa era a possibilidade de incluir na pauta da Casa o polêmico projeto de anistia para envolvidos nos ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, que ainda mexe com os nervos tanto de parlamentares quanto da opinião pública.
A abertura da sessão veio com um recado direto de Hugo Motta: o caminho não seria fácil, mas era necessário para “restabelecer a normalidade”, nas palavras dele. Ele fez questão de enfatizar que dialogou com todos os líderes partidários, deixando claro que a decisão de retomar os trabalhos não foi construída nos bastidores, longe dos microfones e da transparência.

Negação de acordo sobre anistia e defesa das regras democráticas
Entre as muitas especulações que circularam nos corredores da Câmara, uma ganhou força: a de que Motta teria fechado acordo para incluir a anistia aos envolvidos nos acontecimentos de 8 de janeiro na pauta da semana seguinte. A narrativa ganhou corpo depois que parlamentares de oposição apontaram o suposto apoio de partidos grandes, como PP, União Brasil, Novo e PSD. Juntos, eles totalizariam cerca de 247 deputados, quase metade do plenário.
Mas Hugo Motta foi categórico ao falar com os jornalistas: não existe garantia de votação desse projeto. Ele ressaltou a autonomia da presidência na organização da pauta, mas admitiu que sempre leva em conta a pressão da maioria dos parlamentares. Ainda assim, negou de maneira enfática que teria negociado sua função para atender desejos particulares. Disse: “Essa cadeira não negocia condição de presidência. A pauta sempre será o reflexo do desejo da maioria, nunca uma moeda de troca.”
As assessorias de imprensa dos partidos citados – PSD, PP e União Brasil – também declararam não haver confirmação do tal acordo, jogando um balde de água fria nos boatos de corredores.
Em sua fala ao plenário, Motta ainda defendeu o respeito às regras do jogo democrático. Para ele, a paralisação e a ocupação do plenário representaram uma ruptura preocupante, destoando da trajetória histórica da Câmara. No entanto, ele declarou compreender os motivos de quem participou, fazendo uma ponte entre a indignação política e a necessidade de preservar a democracia: “O interesse do povo está acima das disputas políticas.”
- Hugo Motta comandou negociações intensas com líderes de todos os partidos.
- Oposição pressionava para votar anistia a participantes dos atos de 8 de janeiro.
- Motta negou acordo para pautar o projeto e reforçou respeito à Constituição.
- Partidos citados como apoiadores de acordo negaram confirmação.
O clima no parlamento ficou longe do ideal, mas ao menos as sessões voltaram a acontecer. Com o Hugo Motta reforçando que sua função é garantir o funcionamento da Câmara e defender as prerrogativas do Parlamento, agora os holofotes se voltam para o que realmente será colocado em debate nos próximos dias. Nenhuma votação relevante ocorreu na noite do retorno. O foco, pelo visto, era unicamente retomar a ordem e devolver à Câmara a rotina prevista pelas regras do jogo democrático.
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