
Quando Novak Djokovic, tenista sérvio, foi derrotado por Valentin Vacherot na semifinal do Shanghai MastersXangai, China, o mundo do tênis recebeu mais um choque.
O confronto, disputado em 7 de outubro de 2025, terminou por 6‑3, 6‑4 e ampliou a sequência sem títulos em torneios Masters 1000 para quase dois anos. Para quem acompanha a temporada, a perda tem sabor amargo porque chegou depois de várias oportunidades perdidas, incluindo a final do mesmo torneio em outubro de 2024 contra Jannik Sinner e a derrota para Jakub Menšík em Miami, março de 2025.
Contexto histórico: a era Djokovic
Djokovic já coleciona recordes que poucos imaginam alcançar. Em maio de 2025, ao vencer o Geneva OpenGenebra, Suíça, bateu a marca de 100 títulos de ATP, tornandose o primeiro da história a conquistar ao menos um troféu em 20 anos consecutivos. No mesmo período, ultrapassou o número de vitórias em Masters 1000 de Rafael Nadal, fechando em 418 triunfos.
Entretanto, o domínio tem sido testado. Desde a conquista em Paris (novembro de 2023) – onde derrotou Grigor Dimitrov – ele não conseguiu erguer outro troféu desse nível, apesar de ter chegado a três finais diferentes.
Detalhes da semifinal de Xangai
A partida começou com Vacherot, então classificado 204º no ranking mundial, jogando livre de pressão. Seu saque, potente e bem colocado, impôs ritmo imediato. No primeiro set, Djokovic pareceu subestimar o monégas, cometendo alguns erros não forçados e permitindo que o francês abrisse 4‑1 antes de reagir. O sérvio, porém, não conseguiu fechar a brecha, e o set terminou 6‑3 para Vacherot.
No segundo, o monégas manteve a estratégia de colocar o sérvio em linhas de fundo e surpreendeu com voleios bem executados. Djokovic, já com sinais de fadiga e possível desconforto no joelho esquerdo – algo que ele próprio comentou brevemente ao término – acabou cedendo 6‑4, encerrando a partida em 1 hora e 12 minutos.
Reações e declarações
Após o fim, o tenista concedeu um coletiva‑de‑imprensa de apenas 69 palavras, repetindo “Próxima pergunta, por favor”. Quando indagado sobre lesões, ele respondeu apenas com um “Estou bem, obrigado”. A imprensa internacional, porém, leu como indício de frustração acumulada.
Vacherot, ainda emocionado, afirmou: “É um sonho poder jogar contra alguém como Novak e mostrar que, no tênis, tudo pode acontecer num dia qualquer.” Já Jannik Sinner, que venceu o Shanghai Masters em 2024, elogiou a resiliência de Djokovic, mas destacou que a nova geração está “mais preparada fisicamente”.

Impacto nas estatísticas e recordes
- Djokovic chegou a 418 vitórias em partidas de Masters 1000, ultrapassando Nadal (410).
- Registou 262 vitórias contra jogadores classificados entre os 10 melhores do ranking.
- Estendeu seu recorde de 64 quartas‑de‑final e 53 semifinais em Grand Slams.
- Fez 95 vitórias em cada um dos quatro Grand Slams, um feito inédito na Era Aberta.
Esses números reforçam que, embora a “seca de títulos” pese, o nível de consistência permanece extraordinário. A idade avançada (38 anos e 103 dias) o torna ainda o mais velho a alcançar semifinais em todos os Grand Slams no mesmo ano – fato que, paradoxalmente, amplia o fascínio pelo seu legado.
Perspectivas para o Paris Masters
Com o Paris MastersParis, França marcado para 9‑15 de novembro, Djokovic tem a última chance da temporada de quebrar a sequência de derrotas em finais de Masters 1000. Os analistas apontam que a pista indoor de parquet favorece seu jogo de retorno, mas a competição está mais profunda que nunca, com jogadores como Sinner, Menšík e emergentes como Carlos Alcaraz.
Se conseguir se manter saudável, o sérvio pode transformar a visita a Paris em um capítulo de redenção, semelhante ao que fez em 2021 ao conquistar o mesmo torneio após um período de dúvidas.

Antecedentes e comparações com outras carreiras
Djokovic tem mais semeaduras de títulos em Masters 1000 que Roger Federer (195 vitórias), mas Federer nunca enfrentou uma “seca” tão prolongada depois dos 30. Jimmy Connors, que também marcou 100 títulos de carreira, nunca chegou a 20 anos consecutivos de vitórias anuais. Essa comparação enfatiza o quão singular é o feito de Djokovic, mesmo quando o troféu escapa.
O tênis, portanto, continua a escrever histórias de superação e surpresa – algo que só Vacherot conseguiu demonstrar ao derrubar um dos maiores da história em uma semifinal de Masters 1000.
Perguntas Frequentes
Como a derrota afeta as chances de Djokovic no Paris Masters?
A perda aumenta a pressão psicológica, mas também pode servir de motivação. Se mantiver a forma física, Djokovic ainda tem um caminho aberto, já que a quadra indoor de Paris favorece seu forte retorno de saque.
Quem foi Valentin Vacherot e como chegou à semifinal?
Vacherot, nascido em 1998 em Mônaco, é um tenista que saltou para o ranking 204 ao vencer duas rodadas contra jogadores classificados entre 50‑100. Seu estilo agressivo e o saco de velocidade o ajudaram a surpreender Djokovic.
Qual a importância histórica do 100º título de ATP de Djokovic?
Ele se tornou o primeiro da história a vencer ao menos um título em 20 anos consecutivos, juntando-se a Jimmy Connors e Roger Federer como os únicos a ultrapassar a marca dos 100 troféus no circuito.
Quais recordes de Rafael Nadal e Roger Federer foram superados por Djokovic?
Djokovic ultrapassou o total de 410 vitórias em Masters 1000 de Nadal, alcançando 418. Também superou o número de vitórias em quadras rápidas (hard) de Federer, passando de 191 para 194.
Por que a coletiva de imprensa de Djokovic foi tão curta?
Especialistas apontam cansaço físico e mental. Após o revés, ele preferiu não entrar em detalhes, talvez para proteger estratégias ou evitar expor possíveis lesões que ainda não foram confirmadas.
2 Comentários
Novak virou o monstro das sombras num instante, e Vacherot apareceu como um raio de esperança inesperada. A primeira bola foi um sinal de que algo grande estava por vir, mas o sérvio pareceu esquecer a própria lenda. Cada erro seu ecoou como um trovão nos corredores de Xangai, revelando fissuras que ninguém esperava. O público sentiu o peso da história sendo desmantelado em um set de 6‑3. O francês, ainda que outsider, jogou com a leveza de quem não tem nada a perder, e isso o elevou a um patamar quase mítico. O saque de Vacherot disparou como um metrô às três da manhã, sem aviso prévio. Djokovic, ao tentar responder, parecia estar lutando contra a própria sombra, perdendo a clareza que sempre o caracterizou. A fadiga no joelho esquerdo se tornou uma presença silenciosa, quase como um fantasma que sussurra dúvidas. A segunda parcial foi ainda mais dura, com voleios que dobravam a linha de fundo e deixavam o sérvio vulnerável. Quando o placar chegou a 6‑4, o silêncio na arena quase pesou mais que a própria vitória. As palavras curtas da coletiva de imprensa foram como tiros de munição vazia, indicando que algo está quebrado. A imprensa, ávida, traduziu cada gesto em teorias sobre a decadência de um império. No entanto, os números ainda brilham: 418 vitórias em Masters 1000 não são pequenas façanhas. A idade avançada de 38 anos e 103 dias faz de Djokovic um veterano que ainda desafia estatísticas. Resta agora esperar se o Paris Masters será a última chance de redenção ou apenas mais um capítulo da saga incompleta.
Ao analisar a derrota de Djokovic, observo que a pressão psicológica excede qualquer análise puramente física. O fato de um número 204 alcançar a semifinal refuta a ideia de meritocracia absoluta no circuito. Ademais, a escolha de Djokovic de responder com brevidade à imprensa sugere uma estratégia deliberada para minimizar distrações. Não obstante, a superfície de parquet em Paris pode favorecer seu retorno, porém o nível de preparo dos jovens como Alcaraz e Sinner permanece superior. Concluo que a narrativa de ‘seca’ pode ser mais um mito do que realidade. :)