Mutirão da Febraban e Serasa oferece até 99% de desconto em dívidas até 31/03/2025

Até 31 de março de 2025, mais de 77 milhões de brasileiros com nome sujo têm uma chance rara de recomeçar. A Febraban, em parceria com a Serasa e os Correios, lançou o maior mutirão de renegociação da história do país — e não é só desconto. É uma segunda chance, com boletos emitidos na hora, parcelamento até 72 vezes e, em alguns casos, até 99% de abatimento. Tudo isso em mais de 10 mil agências dos Correios espalhadas por todo o Brasil. O mutirão, chamado oficialmente de Mutirão de Negociação e Orientação Financeira da Febraban e Feirão Serasa Limpa NomeBrasil, começou em 1º de março e vai até o fim do mês — e já está movimentando filas, celulares e computadores em todas as regiões.

Por que isso importa agora?

Quase metade da população adulta brasileira está negativada. Segundo a Serasa, 47,3% dos adultos — 77 milhões de pessoas — têm dívidas em atraso. A média? R$ 6 mil por pessoa. E o pior: muitos nem sabem exatamente com quem devem. Os bancos respondem por 27,8% dessas dívidas, mas contas de luz, água, telefone e financeiras também pesam. O que antes era um problema individual virou um problema nacional. E o governo, os bancos e as operadoras estão tentando frear esse ciclo de endividamento antes que ele se torne crônico.

"Além de trazer alívio financeiro imediato, a ação também ajuda a prevenir o superendividamento e é uma oportunidade para ações de educação financeira", disse Amaury Oliva, diretor de Cidadania Financeira e Relações com o Consumidor da Febraban. E ele não está só falando por falar. A edição anterior, em novembro de 2024, fechou 1,75 milhão de negociações. Em março de 2024, foram 1,4 milhão. Isso não é coincidência. É estratégia.

Como participar? É fácil — e grátis

Não precisa ser rico. Não precisa ter emprego formal. Só precisa de um documento com foto — RG, CNH, passaporte — e ir a qualquer agência dos Correios. Lá, um atendente acessa o sistema, mostra quais dívidas estão pendentes, apresenta as propostas dos credores e emite o boleto na hora. Tudo sem custo. As dívidas elegíveis incluem cartão de crédito, cheque especial, crédito consignado, empréstimos pessoais e até contas de telecomunicações. Mas atenção: não vale para dívidas com garantia real, como carro ou imóvel em penhor.

Quem prefere ficar em casa pode usar a plataforma Consumidor.gov.br, o site Serasa Limpa Nome, o app da Serasa ou o WhatsApp (11) 99575-2096. A taxa de atendimento presencial é de R$ 3,30 — mas só se você quiser o serviço impresso. A negociação online é gratuita.

Um mutirão dentro do mutirão: dívidas de até R$ 100

Tem mais. A Serasa lançou uma versão especial: o "Limpa Nome em R$ 100". Até 30 de julho de 2025, 11 milhões de brasileiros com dívidas bancárias de até R$ 100 podem quitar tudo com até 97% de desconto. E o melhor: ao pagar via Pix, o nome é limpo imediatamente. Em São Paulo, só, existem 18 milhões de dívidas nesse valor — e 7 milhões abaixo de R$ 50. É o tipo de dívida que muita gente ignora, mas que, somada, bloqueia acesso a crédito, empréstimos e até serviços básicos.

Essa iniciativa faz parte de um ciclo anual que começou em 2019. Desde então, já passaram por esse mutirão mais de 160 instituições financeiras, incluindo o Banco Central, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) e os Procons estaduais. Eles não só ajudam na negociação — oferecem orientação personalizada para quem está em situação de superendividamento.

Quem mais está envolvido e por que isso é diferente?

A Febraban, fundada em 1952 e com sede em São Paulo, representa mais de 160 bancos e instituições financeiras. A Serasa, parte do Grupo Boa Vista desde 1968, é a maior base de dados de crédito do país. E os Correios — empresa pública com raízes em 1663 — têm a maior rede de atendimento presencial do Brasil. Juntos, formam uma máquina de inclusão financeira sem precedentes.

Diferente de campanhas anteriores, este mutirão não é só sobre desconto. É sobre acesso. O sistema Registrato, do Banco Central, permite que qualquer um consulte todas as suas dívidas em instituições financeiras — basta se cadastrar no Portal Gov.br. Isso é crucial. Muitos não sabem que devem a um banco que fechou, ou a uma operadora que mudou de nome. Agora, tudo é visível.

Qual o impacto real?

Em 2024, apenas no mutirão de novembro, 1,75 milhão de contratos foram renegociados. Isso significa que quase 2 milhões de famílias deixaram de ser consideradas inadimplentes. O efeito em cascata é enorme: menos cobranças agressivas, menos processos judiciais, mais consumo consciente. E, principalmente, menos estresse. Estudos do Banco Central mostram que pessoas que conseguem renegociar dívidas têm 40% mais chances de manterem o controle financeiro nos 12 meses seguintes.

Isso não é caridade. É economia. Um consumidor com nome limpo volta a comprar, a usar cartões, a contratar serviços. E isso movimenta o mercado inteiro. As empresas também ganham: recuperam parte do crédito que parecia perdido, reduzem custos com cobrança e melhoram sua imagem.

O que vem depois?

Após 31 de março, o foco muda para o mutirão de julho, com foco nas dívidas de até R$ 100. Mas o verdadeiro desafio é o que vem depois: educação financeira. A Febraban já começou a levar oficinas de orçamento familiar para escolas e centros comunitários. A ideia é evitar que as pessoas voltem ao ciclo. "É como curar a doença e não só a dor", diz Amaury Oliva.

Enquanto isso, o sistema de crédito está mudando. O Banco Central está testando um novo modelo de pontuação que considera não só o histórico de dívidas, mas também o comportamento de pagamento — e até a frequência de consultas ao próprio nome. Quem se esforça para se organizar, ganha pontos. É um novo jeito de pensar em crédito.

Frequently Asked Questions

Quem pode participar do mutirão?

Qualquer brasileiro com nome sujo, independentemente de renda ou idade. Basta apresentar documento com foto em qualquer agência dos Correios ou acessar as plataformas online. Não há restrições. Mesmo quem tem dívidas antigas ou de instituições que já fecharam pode participar, desde que a dívida esteja registrada na Serasa.

As dívidas de cartão de crédito podem ser negociadas por completo?

Sim. Para dívidas de cartão, cheque especial e consignado, os descontos chegam a 99%, dependendo do credor. Bancos como Itaú, Bradesco e Caixa já aderiram com propostas agressivas. O valor final varia conforme o tempo de atraso e o volume da dívida — mas o boleto com o valor negociado é emitido na hora, sem surpresas.

E se eu não tiver dinheiro para pagar agora?

Você pode parcelar em até 72 vezes, com juros reduzidos. O número de parcelas e o valor dependem do credor, mas a maioria das instituições permite até 60 meses. O importante é fechar o acordo e sair da lista de inadimplentes. Depois, você pode ajustar o orçamento e, se possível, antecipar parcelas.

O mutirão vale para dívidas de contas de luz, água e telefone?

Sim. Além de bancos, 1.456 empresas participam, incluindo operadoras de telecomunicações e prestadoras de serviços públicos. Dívidas de energia, água, gás e planos de celular estão inclusas — desde que estejam em atraso e registradas na base da Serasa. O desconto pode variar, mas geralmente é entre 70% e 95%.

Como saber se minha dívida já está no sistema?

Acesse o Portal Gov.br, cadastre-se e use o sistema Registrato. Ele mostra todas as dívidas registradas em instituições financeiras. Para outras dívidas, como contas de serviço, use o site da Serasa ou o app. Se não aparecer nada, pode ser que a dívida não tenha sido enviada ao sistema — nesse caso, não pode ser negociada no mutirão.

O que acontece se eu não participar agora?

As condições vão piorar. Após o mutirão, os descontos retornam ao padrão — geralmente entre 20% e 40%. Além disso, o risco de protesto, penhora ou ação judicial aumenta. O período de março e julho é o único momento do ano em que tantas instituições oferecem condições tão generosas ao mesmo tempo. Esperar pode custar caro.

1 Comentários


  • Sayure D. Santos
    ThemeLooks diz:
    novembro 4, 2025 AT 07:56

    Essa iniciativa é um dos poucos momentos em que o sistema financeiro realmente se coloca no lugar do consumidor. Sem burocracia, sem taxas escondidas, sem jogar a culpa no outro. É um passo real para inclusão. E não é caridade, é justiça econômica.
    Se mais instituições agissem assim, a gente não precisaria de mutirões anuais. Precisaria de políticas permanentes.

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