
Quando Colima, México foi declarada a cidade mais violenta do planeta pelo segundo ano consecutivo, o Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal já levantou a atenção sobre uma realidade que inclui também Ciudad Obregón, México, Feira de Santana, Brasil e Bogotá, Colômbia. O ranking divulgado em 30 de abril de 2024 traz números que, apesar de apontarem queda nas taxas de homicídio, revelam que 34 das 50 cidades mais perigosas estão concentradas em apenas três países da América Latina. Essa concentração evidencia desafios estruturais ligados ao tráfico de drogas, desigualdade e políticas de segurança ainda frágeis.
Contexto da violência urbana nas Américas
A América Latina tem sido historicamente o epicentro mundial de homicídios por 100 mil habitantes. Segundo dados da ONU, a região responde por quase 60% das mortes violentas globais, apesar de representar menos de 10% da população mundial. O México, em particular, vive um ciclo de aumento de violência desde 2016, intensificado pelos conflitos entre cartéis de drogas e forças de segurança.
Como o ranking foi construído
O Conselho Cidadão para a Segurança Pública e a Justiça Penal baseia sua classificação nas taxas de homicídios registrados oficialmente por cada município, ajustadas por população. A metodologia, reconhecida internacionalmente, permite comparações entre cidades de diferentes tamanhos, pois utiliza a métrica de mortes por 100 mil habitantes. Para 2023, foram analisados 12.874 homicídios em 1.954 municípios da América do Norte e do Sul.
- Taxa de homicídios em Colima: 140,34 por 100 mil (2023).
- Taxa em Ciudad Obregón: 117,83 por 100 mil.
- Taxa em Feira de Santana: 112,47 por 100 mil.
Detalhes dos principais países no ranking
México ocupa a primeira posição com 16 cidades entre as 50 mais violentas. Entre elas, além de Colima e Ciudad Obregón, destacam‑se Tijuana e Culiacán. Apesar da taxa geral de homicídios ter caído 4,18% em 2023 – totalizando 29.675 casos – o país ainda registra níveis de violência superiores ao de muitas nações europeias.
Já Brasil trouxe dez cidades à lista, sendo Feira de Santana a mais letal entre elas, subindo do quarto ao primeiro lugar no ranking nacional. Outras cidades brasileiras presentes são São Luís, Salvador e Fortaleza. O Ministério da Segurança Pública apontou que 2023 marcou uma redução de 3,9% nos homicídios em território nacional, mas a concentração de violência nas capitais do Nordeste permanece alarmante.
Por sua vez, a Colômbia tem oito cidades no ranking, com Cali e Medellín liderando a lista local. O Governo colombiano atribuiu o aumento da mortalidade a disputas entre grupos armados ilegais e ao tráfico de cocaína.

Reações das autoridades e da sociedade civil
Em entrevista ao El Universal, o presidente do Conselho, José Luis Martínez, comentou: "Os números mostram que, embora haja queda em alguns indicadores, a violência ainda está enraizada nas causas socioeconômicas. Precisamos de políticas integradas que vão além da repressão."
O ministro da Segurança Pública do México, Aldo Friedrich, garantiu que o governo está ampliando programas de prevenção nas escolas de Colima e Ciudad Obregón, mas reconheceu a limitação de recursos nas áreas rurais.
No Brasil, a secretária de Segurança do Estado da Bahia, Marta Silva, anunciou um plano de 200 milhões de reais para reforçar a videomonitoramento em Feira de Santana, além de criar uma unidade de inteligência para combater quadrilhas de tráfico.
Impactos na vida cotidiana e na economia
Para os moradores, a violência tem custos diretos – perda de familiares, insegurança ao sair de casa – e indiretos, como a desvalorização de imóveis e a retração de investimentos. Em 2023, a taxa de ocupação de hotéis em cidades mexicanas com alto índice de homicídios caiu 12% em relação ao ano anterior, segundo a Associação Mexicana de Hotéis.
Além disso, o índice de medo de crime, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2023, apontou que 68% dos residentes de Feira de Santana evitam sair à noite, impactando o comércio noturno e reduzindo a arrecadação municipal em cerca de R$ 45 milhões.

Perspectivas e próximos passos
Especialistas concordam que a queda nas taxas de homicídios não significa que a situação está resolvida. A criminóloga da Universidad Nacional Autónoma de México, Laura Gómez, alerta: "Precisamos observar a composição dos crimes – se estão migrando para roubos, sequestros ou violência doméstica – porque isso indica mudanças nas dinâmicas criminosas."
O Conselho Cidadão pretende lançar, ainda em 2024, uma edição aumentada do ranking, incorporando também indicadores de violência sexual e de armas de fogo, para oferecer um panorama mais completo.
Histórico de violência urbana nas cidades latino‑americanas
Desde o início dos anos 2000, o México já figurava entre os países com maiores índices de homicídios. A escalada ocorreu em 2006, quando o governo lançou a operação de combate ao narcotráfico conhecida como “Guerra contra el Narcotráfico”. A partir daí, as cidades fronteiriças como Tijuana viram suas taxas multiplicarem por três em menos de cinco anos.
No Brasil, o surto de violência foi mais disperso, mas a década de 2010 trouxe ao foco cidades do Nordeste, onde a combinação de pobreza, falta de oportunidades e presença de facções criminosas resultou em picos de homicídios.
Para a Colômbia, a década de 1990 marcou o auge da violência vinculada ao tráfico de cocaína, com Medellín registrando mais de 300 homicídios por 100 mil habitantes. As políticas de paz assinadas em 2016 reduziram os índices, porém a desintegração de alguns grupos armados gerou novos focos de conflito.
Perguntas Frequentes
Por que o México domina o ranking das cidades mais violentas?
A combinação de cartéis de drogas poderosos, fronteiras extensas e políticas de segurança fragmentadas mantém o país em um ciclo de homicídios. Mesmo com a queda de 4,18% em 2023, a concentração de recursos nas regiões mais afetadas ainda é insuficiente, o que perpetua a violência em cidades como Colima e Ciudad Obregón.
Como a queda nas taxas de homicídio impacta a percepção de segurança?
A redução numérica pode gerar otimismo nas elites políticas, mas para a população a sensação de medo costuma permanecer alta. Em Feira de Santana, por exemplo, 68% dos moradores ainda evitam sair à noite, mesmo com a taxa de homicídios ligeiramente menor que em 2022.
Quais cidades brasileiras aparecem no ranking e por que?
Além de Feira de Santana, destacam‑se São Luís, Salvador e Fortaleza. Esses municípios concentram alta densidade populacional, desigualdade social acentuada e presença de facções criminosas que disputam território para o tráfico de drogas e roubo.
O ranking considerará outros tipos de violência no futuro?
Sim. O Conselho anunciou que a edição de 2024 incluirá indicadores de violência sexual, crimes com armas de fogo e estágios de violência doméstica, tentando proporcionar um panorama mais amplo do que apenas homicídios.
O que pode mudar a situação nas cidades mais violentas?
Especialistas apontam que investimentos em educação, geração de emprego formal e políticas de segurança comunitária são essenciais. Sem atacar as causas raiz – pobreza e exclusão – os índices de homicídios tendem a permanecer elevados, mesmo com reforço policial.
1 Comentários
Oi pessoal! Esse ranking traz dados alarmantes sobre a concentração da violência na América Latina, principalmente no México, Brasil e Colômbia. 😃 As taxas de homicídios em cidades como Colima (140,34 por 100 mil) são realmente assustadoras, o que reforça a necessidade de políticas integradas de segurança e desenvolvimento social. Vamos ficar de olho nas próximas atualizações do Conselho Cidadão!