
Uma despedida carregada de simbolismo
O adeus a Preta Gil, realizado em 25 de julho de 2025, não foi uma despedida comum. O Theatro Municipal do Rio de Janeiro se tornou palco de um evento repleto de emoção, arte e resistência. A escolha da data chamou atenção: 25 de julho marca o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, um momento profundamente ligado à luta contra o racismo e o machismo que Preta tanto representou na música e na vida pública.
A ligação entre o funeral e a data não foi mera coincidência. Fundada em 1992, na República Dominicana, a comemoração surgiu durante o Primeiro Encontro de Mulheres Negras da América Latina e Caribe. No Brasil, a data também homenageia Tereza de Benguela, referência histórica de resistência dos quilombos, conhecida pela liderança feminina e força política no século XVIII.
Amigos, artistas e militantes destacaram o simbolismo desse alinhamento. A DJ Tamy, amiga de longa data de Preta, comentou em entrevistas que a escolha foi uma mensagem clara sobre a importância da representatividade negra, principalmente para as futuras gerações.

O legado de Preta e sua conexão com a luta negra
O Theatro Municipal, local de grandes momentos culturais no país, foi escolhido a dedo por Preta Gil. Desde que enfrentou questões de saúde, Preta expressou o desejo de um funeral aberto à arte, carinho e participação popular. E foi exatamente o que se viu: uma multidão celebrando sua música, sua presença e suas ideias.
Preta Gil nunca se esquivou das discussões sobre identidade, raça ou gênero. Foi peça-chave no cenário artístico e ativista, especialmente após sua participação em 2024 no Especial Mulher Negra, exibido no canal E! e comandado por Zezé Motta. Na ocasião, Preta ressaltou a importância de ver mulheres negras ocupando todos os espaços, incentivando meninas a se enxergarem na cultura, na política e no entretenimento.
- O funeral mobilizou figuras históricas da luta negra como a ativista Flávia Ribeiro, que destacou o significado de realizar a despedida nesse dia específico.
- A data também trouxe à tona uma reflexão sobre afetos e amizade: Preta morreu justamente em 20 de julho, quando se celebra o Dia do Amigo no Brasil, tema recorrente em sua trajetória de estímulo ao coletivo e à empatia.
- O evento foi marcado por homenagens, discursos emocionados e apresentações artísticas, traduzindo em gestos o que Preta sempre defendeu: acolhimento, respeito e, acima de tudo, protagonismo negro.
No contexto político e social do país, o funeral de Preta Gil foi muito mais que uma cerimônia. Tornou-se um ato de afirmação e memória, reforçando que sua história pessoal e pública sempre esteve entrelaçada com os grandes marcos de resistência e celebração da coletividade negra no Brasil.
Preta Gil deixa um legado inegável na música, na luta LGBTQIA+ e na defesa da mulher negra. Sua despedida, marcada no Dia Internacional da Mulher Negra, eterniza sua voz tanto nos palcos quanto nas batalhas sociais que enfrentou até o fim.
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